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segunda-feira
Sanofi reestrutura operação no país para acelerar expansão
CLAUDIO BELLI/VALOR
Pius Hornstein, diretor-geral: Meta é tornar o grupo mais forte do que as suas cinco empresas individualmente
A farmacêutica francesa Sanofi está reorganizando suas operações no Brasil, em um esforço que envolve a integração das cinco empresas do grupo. O objetivo da simplificação da estrutura local é acelerar o crescimento das vendas e consolidar o laboratório, dono de marcas líderes como Dorflex e Dermacyd e tradicionais como Novalgina e Cepacol, no topo do ranking da indústria farmacêutica brasileira.
Nos últimos anos, a Sanofi perdeu a liderança do varejo total de medicamentos e de genéricos, mas segue melhor colocada — entre a segunda e a terceira posição — do que outras gigantes da indústria farmacêutica global, atropeladas no passado por laboratórios nacionais focados em genéricos. “Não queremos ser apenas o maior, mas o mais forte”, afirmou ao Valor o diretorgeral do grupo, Pius Hornstein.
Há 15 meses no comando da Sanofi no país, o executivo suíço afirma que a nova estrutura vai confe- rir agilidade à tomada de decisões estratégicas e gerar sinergias com a integração de estruturas comuns da Sanofi Farma, maior operação do grupo no país, da Medley (de genéricos), da Sanofi Pasteur (vacinas), da Genzyme (doenças raras) e da Merial (de saúde animal). “Nosso ponto hoje é: como fazer o grupo mais forte do que as empresas individualmente”, explicou.
Há pelo menos três anos o laboratório francês já lutava para encontrar um novo modelo de gestão no Brasil, em processo que levou à chegada de Hornstein à presidência local. Antes dele, entre o fim de 2013 e 2014, o então diretor-geral, Patrice Zagamé, detectou a falta de agilidade da empresa em responder às mudanças do mercado e problemas na etapa de fornecimento de seus produtos. O executivo, porém, permaneceu pouco tempo na operação local.
De origem francesa, Zagamé havia substituído Heraldo Marchezini no cargo. Com anos de casa, Marchezini estava à frente do grupo em 2009, quando foi anunciada a compra da Medley por R$ 1,5 bilhão. Mas foi desligado da Sanofi em 2013, ano em que a concorrente EMS assumiu a liderança em genéricos, com 31,07%, contra os 19,35% da vice-líder Medley.
Segundo Hornstein, há dois anos, a estrutura de fornecimento de medicamentos da Sanofi “não estava bem”. O gargalo foi corrigido e o tempo para entrega acabou reduzido em mais de 50%, para menos de 10 dias em todo o país. “Cada empresa tinha a sua distribuição. O que fizemos foi unificar a logística”, disse. Uma das iniciativas nessa área foi a construção de um novo centro de distribuição, em Guarulhos (SP), com 36 mil metros quadrados, inaugurado em novembro de 2015. Até 2020, esse centro receberá investimentos de € 200 milhões.
Já no segmento de genéricos, a visão do grupo francês é de que a Medley, hoje a terceira no ranking, permanece como marca forte, entre as mais lembradas pelo consumidor brasileiro. “Não precisamos jogar somente com preço e volume”, disse Hornstein, referindo-se à prática comum de concessão de descontos elevados para aumentar as vendas em unidades desse tipo de medicamento. “Não buscamos ‘market share’”, acrescentou.
Inovação radical, por outro lado, está no foco da operação brasileira como ferramenta de impulso às vendas. Desde a chegada da insulina Lantus, conforme o executivo, não houve “grandes lançamentos” do grupo no país. Esse cenário mudará em breve, com o início da comercialização da Dengvaxia, vacina contra a dengue que já recebeu o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e aguarda a definição de preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). “Com inovação, é possível acelerar o crescimento”, ressaltou Hornstein.
A Sanofi aposta ainda no suces- sor do Lantus, o Toujeo, uma insulina basal de ação prolongada que pode ser aplicada apenas uma vez ao dia. A venda do medicamento foi liberada em dezembro pela Anvisa e o lançamento está previsto para este mês. Em três ou quatro anos, acrescentou o executivo, o grupo espera trazer ao menos quatro medicamentos biológicos novos para o mercado brasileiro.
No ano passado, em todo o mundo, a Sanofi registrou vendas de € 37,1 bilhões, e o Brasil manteve-se entre as dez maiores operações do grupo. Segundo Hornstein, as vendas no país, que não são divulgadas, cresceram em 2015 — no varejo, produtos maduros mostraram expansão supe- rior à média. Para 2016, a expectativa é a de crescimento menor das vendas de medicamentos, influenciado pela crise econômica. “O mercado privado segue vigoroso e, para acelerar o crescimento é preciso incorporar medicamentos ao SUS”, observou. “No longo prazo, vamos crescer acima do mercado com a inclusão [no SUS]”.
No Brasil, o grupo francês pode produzir 400 milhões de unidades (caixas ou frascos) por ano e emprega mais de 5 mil pessoas. “Não nos vemos como franceses, mas como uma empresa brasileira”, disse Hornstein, sob o argumento de que 95% dos medicamentos vendidos pelo grupo no Brasil terem produção local.
Fonte: Valor econômico
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